RESUMO: O Brasil é o quinto país mais violento para as mulheres segundo a Organização Mundial da Saúde, e em 2013, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostrou que o Paraná ocupava o terceiro estado onde mais se mata mulheres no Brasil, depois do Maranhão e Rio de Janeiro. Segundo o Ministério Público do Paraná, houveram mais de 37 mil casos de violência doméstica em Curitiba entre os anos de 2015 a 2017. Essa pesquisa surge com a necessidade de se entender quais fatores influenciam na permanência das mulheres em relacionamentos de caráter abusivo. Foram realizadas rodas de conversa com dois grupos de cinco mulheres no total, que tiveram a vivência em relacionamentos assim. Para a análise de dados foi utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin, e o referencial teórico abarca a literatura de gênero, a ótica dos Direitos Humanos, e os mecanismos sociais envolvidos nessa violência.A pesquisa trouxe como resultado a necessidade de se repensar alguns pontos como os modelos de relacionamento que influenciam e legitimam comportamentos violentos; as situações que levam a mulher a depender do agressor, tanto financeira quanto emocionalmente, e que perpetuam a mulher em uma situação de subordinação; o medo e a vergonha que acarretam insegurança e falta de confiança em familiares, amigos, e rede de apoio; a violência simbólica que ocorre em âmbito físico e invisível que faz com que as mulheres não percebam que fazem parte de uma prisão sem grades; a falta de rede de apoio especializada, uma vez que não há um apoio e subsídio adequado para que a mulher deixe a relação. É necessária uma articulação entre Estado e sociedade a fim de oferecer à mulher violentada a promoção de saúde integral, para que possam ter consciência da violência que sofrem, ter apoio e suporte para sair de tal relação, e reflexões acerca dos papéis sociais de gênero que colocam a mulher como o segundo sexo, o subordinado, o oprimido, o morto, e que tenham medidas integradas de ressocialização do homem.
ABSTRACT: Brazil is the fifth most violent country for women according to the World Health Organization, and in 2013, the Institute for Applied Economic Research showed that Paraná was the third state where most women are killed in Brazil, after Maranhão and Rio de Janeiro. January. According to the Paraná Public Prosecution Service, there were more than 37,000 cases of domestic violence in Curitiba between 2015 and 2017. This research arises with the need to understand which factors influence the permanence of women in abusive relationships. Conversation circles were held with two groups of five women in total, who had the experience in such relationships. For data analysis, Bardin’s Content Analysis was used, and the theoretical framework encompasses gender literature, the human rights perspective, and the social mechanisms involved in this violence.The research resulted in the need to rethink some points such as relationship models that influence and legitimize violent behaviors; situations that lead women to depend on the abuser, both financially and emotionally, and perpetuate women in a subordinate situation; the fear and shame that lead to insecurity and lack of trust in family, friends,and support network; the symbolic violence that occurs at the physical and invisible level that makes women unaware that they are part of a prison without bars; the lack of specialized support network, as there is no adequate support and allowance for the woman to leave the relationship. Articulation between state and society is necessary in order to offer abused women the promotion of integral health, so that they can be aware of the violence they suffer, have support and support to get out of such a relationship, and reflect on the social gender roles that They place women as the second sex, the subordinate, the oppressed, the dead, and have integrated measures to resocialize men.
Orientadora: Roberta C. G. Baccarim